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Mate-me

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Livro 2 de Mate-me ou cure-me

Não era impressão. Helena parecia sempre estar correndo em direção da morte, principalmente depois que Ekis aparece em sua frente, o assassino de aluguel por quem ela se apaixonou em outrora e que deveria estar morto.

Mas era a morte que sempre encontrava a médica.

Não importava o quanto Helena fugisse ou em quantos amores se escondesse, a morte conhecia o caminho até ela, um fácil atalho. É assim que depois de quatro anos de luto por Ekis, já numa nova vida e talvez num novo amor com o bombeiro Bruno, que o matador de aluguel aparece em sua frente mais uma vez pronto para matá-la.

Era uma escolha incomparável que o universo a obrigava a fazer naquela altura de seus quase 40 anos. Flutuar no romance leve e seguro nos braços fortes do bombeiro ou afundar no amor perigoso e embriagante dos lábios sangrentos do assassino de aluguel?

Independente da resposta, Helena terá que lidar com os dois homens que ama enquanto precisa salvar os seus pacientes e se manter viva quando fazer o seu trabalho se tornou crime.

Quantas pessoas terão que morrer nesta brincadeira, doutora?

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♠ Prólogo ♠
Helena olhou para o caixão pela primeira vez. Não aguentava ver o que estava à sua frente, quem estava deitado bem ali e padecia já morto e inerte. Mas então teve que olhar enquanto algumas poucas pessoas que tiveram coragem de aparecer no velório transitavam ao redor do corpo, mascaradas e ainda mais indiferentes, murmurando coisas e fazendo orações que não faziam mais sentido, pois a morte já se encontrava em casa. Era como se tudo estivesse acontecendo novamente, a incessante dor de perda, raiva e arrependimento. Helena pensou pela infinitésima vez que teria sido menos agonizante que ela mesma estivesse deitada naquele caixão, morta por todas as responsabilidades que abraçou sem pestanejar e pelos perigos que se envolveu querendo ajudar os outros. Não. Fechou os olhos já doloridos pela enxurrada de lágrimas e luto, e foi soterrada pela sensação de que nunca deveria ter nascido. Assim nunca traria tanto sofrimento para as pessoas que ousava amar, porque todos morriam ou deixavam-na. Instantaneamente, lembrou-se da morte de seu pai ainda quando era adolescente. Helena tinha jurado que aquele tinha sido o pior dia de sua vida e não imaginou que muitos depois viriam. O pai sempre tão compreensivo não teria mais orgulho dela, talvez até se envergonhasse de suas atitudes, da forma como cuidou de quem deveria. A mãe, coitada, àquela altura já não mais reclamaria, já tinha se esforçado o suficiente para lembrar à filha que deveria ser mais prudente, mais consciente. E Helena a tinha dado tanta preocupação desde que desapareceu ao tirar férias naquele ano e depois passou meses sem dar notícias, quase sendo dada como morta. Talvez devesse ter morrido mesmo daquela vez, pelas mãos do assassino. Então, lembrou-se do dia em que viu Ekis explodir dentro do incêndio. Lembrou da dor que sentiu sozinha e que se esforçou para superar. Tinha acontecido novamente e era tudo culpa sua mais uma vez. Então, a sua mente vagou por tantas lembranças traiçoeiras que sentiu a bile subir pela garganta a vômitos de fel e confissões da vida insana e perigosa que esteve vivendo desde aquele encontro com o assassino, que determinou toda a sua vida em diante e, consequentemente, afastou-a ainda mais de tudo o que era antes. Não podia responsabilizá-lo, não podia matá-lo e queimá-lo mais uma vez quando tinha sido a própria Helena a sair do carro naquela madrugada para salvar alguém sem saber que se tratava de um assassino de aluguel. Tinha sido ela a escolher ficar no Vale do Exício e ajudar a comunidade de refugiados coreanos, a família do assassino. Não podia culpar ninguém além de si mesma quando ela se apaixonou por ele e o arriscou mais do que devia para que se salvasse, e esqueceu-se da Helena que só queria uma vida normal, da Helena que também era filha de alguém, que só queria viver sem crimes e sangue inocente em suas mãos. Ela sabia que se voltasse no tempo e soubesse que tudo aquilo aconteceria, talvez não fosse capaz de escolher não amá-lo, de ignorar a miséria alheia... Porque tinha sido tocada pelo senso de responsabilidade de tentar mudar o mundo, e como diria o assassino, olha só aonde isso a tinha levado mais uma vez! Agora alguém estava morto na mesa, alguém importante que morreu em seu lugar quando Helena estava salvando a vida dos outros e esquecendo de salvar a si mesma. Era óbvio que alguém pagaria o preço de suas atitudes, de sua rebeldia camuflada de justiça, mas não era justo se uma pessoa tivesse que morrer enquanto ela tentava impedir que outras pessoas morressem. Viu pares de olhos que tentavam consolá-la de algum jeito, mas a cirurgiã se sentia incapaz de ser acolhida. Toda vez que olhava para frente e via o caixão sentia as pernas tremerem, a garganta secar e os olhos lacrimejarem, e só queria gritar e correr dali, mas não sabia se tinha forças suficiente para isso. Não tinha dito eu te amo tanto quanto queria e quanto deveria, e aquele seria um dos arrependimentos mais intensos. Como ela tinha se esquecido tanto? Como tinha deixado todo mundo para trás daquela forma? A mãe, a lembrança do pai, os refugiados, Ekis... Na tentativa de se responsabilizar por todos, não cuidou de verdade de nenhum deles. Precisava ser realista e relembrar os fatos como eles eram, quem era a Helena que por anos foi tão invisível ao mundo, e depois se tornou radioativa. Faria exatamente quatro anos em alguns meses que a vida de Helena mudou completamente. Ela vinha se acostumando à nova rotina, mas nunca parecia suficiente para que esquecesse do passado. E tudo bem, não deveria ser tão simples esquecer que em determinado momento de sua vida, de sua ascensão profissional, que ela foi sequestrada por um assassino de aluguel ao tentar salvá-lo de uma agressão no meio da madrugada. Não seria fácil esquecer que tinha salvado um bandido, que foi mantida em cárcere privado, que viveu um impasse de ser morta e salva por ele, que escolheu ficar quando poderia ter ido embora. Não podia ignorar a realidade do Vale do Exício, a comunidade de refugiados coreanos e imigrantes ilegais de que o assassino fazia parte; e que ele matava a pedido de outros para proteger a sua família com unhas e dentes. E o quanto Helena arriscou a carreira e a própria vida para tentar salvá-los, indo contra o sistema e as leis de sua nação? Essa parte tinha deixado intensas marcas, afinal, ela quase morreu na mão de um traficante e viu o homem que amava ser morto. E era amor, porque aquele desespero e sofrimento não poderiam ter outro nome. Então, ela amava o próprio assassino. Simplesmente não dava para fingir que nada daquilo havia acontecido mesmo que ela realizasse o mesmo ritual todos os dias. Precisava focar em todos os traumas que chegavam na emergência do Hospital Geral Cardoso Dias, mergulhava o mais fundo possível nas tramas dos pacientes, de qualquer outro para não pensar na própria vida, no que perdeu e que tinha que superar. Fazia terapia uma vez por semana, porém enquanto não contasse tudo o que viveu à Dra. Patrícia, sua psiquiatra, ela nunca poderia ajudá-la de verdade, além de lhe receitar remédios para dormir e ansiolíticos, o que fazia com que Helena passasse toda a parte em que não estava na sala de cirurgia, dopada e molenga demais para se arrepender e criar vários questionamentos que não poderiam ser respondidos. Muitas vezes ela escrevia em papéis aleatórios esperando que a dor ficasse apenas nas palavras e depois destruía todos os vestígios do segredo revelado, quer dizer, o segredo dele, do assassino e amante, o que fazia com que fosse um segredo deles. Infelizmente, era a única coisa que tinham a compartilhar. As lembranças eram sempre muito vívidas e os pesadelos incrivelmente realistas. Odiava-se por recordar tão bem da dor e do medo, mas aos poucos ir se esquecendo do rosto dele tão serenamente entalhado pelo seu passado sombrio; da sua voz grave que magoava os ouvidos sempre que que a chamava de doutora em seus pensamentos; do seu sorriso anguloso que não se enquadrava naquele cenário de terror que era toda a sua vida; e de todas as marcas do seu corpo angariadas pelo tempo, as tatuagens e queimaduras. Agora ela também tinha cicatrizes. O seu nome nunca ousava escrever, sequer pronunciar. Só queria ter a completa certeza de que as pessoas do Vale do Exício não seriam encontradas e prejudicadas e era o mínimo que poderia fazer por elas já que não ia mais lá, não mais se nutria daquela miséria inebriante e de todos os rostos e mãozinhas famintas esticando-se à procura de ajuda. A médica não poderia ajudá-los da forma que queria e era covarde demais para recorrer ao crime mais uma vez. Helena escrevia um X no papel sempre que estava distraída e riscava logo em seguida. Ekis. Parecia que ninguém nunca percebia o quanto ela era surtada, exceto por Bruno, o único que a pegou no flagra chorando uma vez. Mas Bruno não fez muitas perguntas, o seu rosto plácido e compreensivo pareceu prestes a chorar também, e por incrível que pareça, aquilo os uniu de uma forma que Helena não soube explicar, principalmente quando Bruno se sentou ao seu lado e a fez companhia enquanto o mundo dela caía aos pedaços, e eles nunca foram tão próximos na época da faculdade. Era como se pudesse chorar e reclamar aleatoriamente sem que o amigo quisesse sempre ampará-la, suprimir a sua dor e fingir esquecimento. Bruno era uma das únicas pessoas, e talvez a única, que Helena deixou fazer parte pelo sentimento de poder soar destruída e destrutiva sem medo. E foi por isso que, em meio aos rostos mascarados que estavam ali, ela buscou por Bruno, pelo seu jeito impávido que fazia com que ela se sentisse mais forte ao estar ao seu lado ou pelo menos mais segura, porque ele sempre se arriscaria para salvar as pessoas. O bombeiro estava do outro lado do caixão, olhou quem jazia em descanso eterno e depois olhou para Helena, sentiu a dor da outra sem precisar tocá-la. Algumas coisas começaram a fazer sentido sobre o passado sombrio que a cirurgiã do trauma tinha vivido durante o seu desaparecimento e que ainda era um mistério para quem a conhecia. Ambos andaram até o outro no mesmo momento até a ponta da urna funerária. — O meu carro está aí na frente! — Bruno sibilou sob a máscara, como se lesse facilmente a vontade de fugir no semblante de Helena. Ela não queria deixar o velório, deixar o caixão, mas também não suportava mais estar ali. Então, apenas a seguiu para o lado de fora, para longe do luto e do torpor. Bruno pisou fundo no acelerador com aquele seu habitual jeito de evadir de problemas e melodramas. Helena tirou a máscara e respirou fundo, sendo invadida por mais um ataque de choro. O bombeiro estacionou no outro quarteirão e olhou para frente enquanto Helena sofria ao lado, o choro ainda mais intenso do que todas as outras vezes que a viu chorar. Só não dirigiu para mais longe, pois sabia que ela desejaria voltar para o luto em algum momento, que se arrastaria para ele na intenção de absorvê-lo. Tirou o pacote de lenços do porta-luvas e entregou à Helena. — Tudo isso é minha culpa! — a doutora choramingou quando as lágrimas não confortaram o seu coração sufocado. — Tenho certeza de que não. Helena sacudiu a cabeça impacientemente. — Por que seria? — Bruno perguntou. Helena engoliu a ânsia e fungou profundo para que a voz saísse mais audível. — Porque eu escolhi esse caminho, eu fugi e me escondi enquanto cometia delitos para justificar o meu senso médico... E não posso mais! — as palavras saíram rápidas e cuspidas num desabafo imediato. Ele a olhou. O rosto inchado de Helena se contorcia de dor, parecia estar sendo dilacerada aos poucos, a cada respiração. — Então, você é uma criminosa? A pergunta veio sem maiores intenções, pois era diferente da entoação que o investigador Otávio usava para falar com ela, como se afirmasse precocemente sem ouvir os seus argumentos. Bruno perguntou com curiosidade, talvez apenas para completar o quebra-cabeça que Helena vinha sendo desde que se reencontraram. — É! — ela confirmou com os dentes travados e os olhos melancólicos vidrados no painel do carro. Não queria decepcioná-lo, mas também não poderia mais mentir e esconder. Comprimia-se por inteiro, os dentes, as mãos, os ombros, músculos e células... E Bruno só foi entender o motivo depois de perceber que a mulher tremia e toda a tensão amenizava um pouco das tremulações. — Não consigo mais suportar viver em mim mesma com esse peso... Encolheu-se ainda mais e estaria toda moída quando se permitisse relaxar. — Divide! — ele sugeriu. Helena o olhou e sentiu a verdade rastejar goela afora, porém travou ainda mais os dentes. A sensação de que tinha era que finalmente poderia contar a alguém, mas também foi rompida por todo o medo que já enfrentava. E se mais pessoas fossem prejudicadas pelas suas atitudes? E se morressem inocentes porque Helena só tinha pensado em si mesma, em se safar da culpa? — Divide comigo! — ele repetiu para tirar a mulher do transe. — Não sei se posso... — Helena sussurrou como se estivessem sendo ouvidos. — Se você quebrou regras, não haverá problema em quebrar este sigilo. Ela ainda não tinha certeza. Tinha quebrado tantas regras num passado, compactuado com ameaças, furtos, falsificação de documentos, e ainda assim nada parecia ter melhorado. De que tinha valido toda o seu esforço e risco quando se continuavam a morrer desamparados? Bruno suspirou e tocou em sua mão. — Estou aqui, Helena! Conte-me o que quiser e eu esconderei o cadáver dos seus crimes, está bem? Nós já dividimos bem mais do que algumas confissões... E era verdade. Quando todos tinham partido, quando Helena não foi capaz de pedir ajuda, Bruno apareceu e ficou, sem motivos ou explicações. Ele ficou e fez com que Helena se comunicasse, que voltasse à realidade, que vivesse apesar de tudo. Por isso que ela também o amava. Helena negou mais uma vez, subvertida pelo pensamento que lhe veio à cabeça, que lhe golpeou o coração com ainda mais força. — Pode ser perigoso para você... — choramingou tentando engolir lágrimas e palavras. — Isso poderia destruir a sua vida. O homem não entendeu a gravidade do que Helena sussurrava nervosamente. Então, deveria ser mesmo um crime dos grandes. — Bem, não há muito o que destruir de qualquer jeito! — deu de ombros com dispersão. — E a minha vida não é a mais segura do mundo, convenhamos. E ele não estava blefando, afinal era por isso que eles se encaixavam tão bem. Bruno tinha conseguido se fixar nela mesmo que Helena ainda estivesse intimamente ligada ao assassino, e eles coexistiam em sua vida, como cosmo e caos. Minutos se sucederam no impasse da médica de contar ou não, mas o homem se mantinha tão paciente que lhe deu um pouco mais de confiança para ser sincera. Se tivesse que confessar os seus crimes para uma pessoa, seria para o Bruno. — Tudo bem! — Helena limpou o rosto com as mãos e tomou um longo fôlego como se fosse mergulhar fundo. — Essa é a primeira vez que falo sobre isso com alguém de fora. Que falava sobre como um amor a tinha arruinado tanto ou como sua ruína interna se apresentou durante um amor com um assassino de aluguel.

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